domingo, 20 de março de 2011

O diálogo como base das práticas educativas.

discurso paralelo no fazer educativo

Muitos pensadores da educação buscaram uma teoria capaz de solucionar os diversos problemas encontrados na esfera educativa. Do pó de giz ao contexto social em que o aluno está inserido; da vida na educação infantil à adulta; desde o capital cultural do professor ao processo de ensino e aprendizagem; dos recursos didáticos tecnológicos ao comportamento humano, tudo isso são e foram preocupações importantes que os cientistas da educação se ocuparam em pensar, compreender e solucionar na prática, o processo educativo, cuja relevância se estende para todo o sempre na vida de um ser humano.

De John Dewey a Anísio Teixeira, de Emanuel Lévinas a Paulo Freire, dos jesuítas a Piaget, todos esses teóricos da educação tiveram como propósito, o de acrescentar na pedagogia paradigmas que solucionassem as complexidades das relações humanas no fazer educativo.


Aqui, muito próximo a nós, tivemos Paulo Freire, grande educador pernambucano, que ficou conhecido em todo o mundo por ter fundamentado sua pedagogia nas bases dialógicas e na antropologia: “Para pôr o diálogo em prática, o educador não pode colocar-se na posição ingênua de quem se pretende ser detentor de todo o saber, deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem perdido, fora da realidade, mas alguém que tem toda uma experiência de vida e por isso também é portador de um saber”, Paulo Freire. Essa visão deu muito certo nas práticas pedagógicas, porque o diálogo é fundamental para quaisquer situações da vida, inclusive a Educação.


O diálogo é uma relação de comunicação estabelecida entre dois. A própria etimologia da palavra define a importância de se ter dois com voz ativa: “ dial= dois”, para haver comunicação. Se só um tem voz ativa, teremos um monólogo. Então, é pela célula da comunicação, a palavra, que buscaremos sempre uma solução imediata para os problemas que permeiam a sala de aula. É atribuir para dois (aluno/professor) as soluções desses problemas. Mas, não falo da palavra vertical que vem de cima para baixo, do professor sabichão e do aluno sem luz. O que está em jogo, o que deve ser “moda” é o discurso paralelo, aquele capaz de construir, pensar e transformar o eu e o nós. Falo do discurso entre sujeitos que são protagonistas da educação.


Além do giz, do pincel atômico, do datashow, do livro, é preciso ter sempre como ferramenta principal o diálogo transformador e não aquele a que estamos acostumados: que reproduz a imagem de uma sociedade cada vez mais desigual, preconceituosa, excludente. Assim como o médico que tem técnicas para salvar vidas através de procedimentos cirúrgicos, o professor possui, entre outras coisas, uma grande ferramenta -a palavra- para promover, ou destruir a vida de um aluno. O que é que nós queremos? Destruir ou promover? Tenho certeza que a segunda opção é a que temos como pendão. E para que nós possamos cumprir nosso papel -de educar- é preciso desenvolver uma práxis fundamentada nas vozes, que dê ao ato de aprendizagem uma significância real, a partir de uma realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo aluno, num processo de compreensão, reflexão e crítica. E é priorizando o diálogo que sempre atingiremos uma educação para liberdade de pensamento, de promoção, de crítica, de autoconhecimento tanto para o aluno, como para nós professores, eternos aprendentes dos saberes da vida.



Andressa Fabião

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