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discurso paralelo no fazer educativo |
Muitos pensadores da educação buscaram uma teoria capaz de solucionar os diversos problemas encontrados na esfera educativa. Do pó de giz ao contexto social em que o aluno está inserido; da vida na educação infantil à adulta; desde o capital cultural do professor ao processo de ensino e aprendizagem; dos recursos didáticos tecnológicos ao comportamento humano, tudo isso são e foram preocupações importantes que os cientistas da educação se ocuparam em pensar, compreender e solucionar na prática, o processo educativo, cuja relevância se estende para todo o sempre na vida de um ser humano.
De John Dewey a Anísio Teixeira, de Emanuel Lévinas a Paulo Freire, dos jesuítas a Piaget, todos esses teóricos da educação tiveram como propósito, o de acrescentar na pedagogia paradigmas que solucionassem as complexidades das relações humanas no fazer educativo.
Aqui, muito próximo a nós, tivemos Paulo Freire, grande educador pernambucano, que ficou conhecido em todo o mundo por ter fundamentado sua pedagogia nas bases dialógicas e na antropologia: “Para pôr o diálogo em prática, o educador não pode colocar-se na posição ingênua de quem se pretende ser detentor de todo o saber, deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem perdido, fora da realidade, mas alguém que tem toda uma experiência de vida e por isso também é portador de um saber”, Paulo Freire. Essa visão deu muito certo nas práticas pedagógicas, porque o diálogo é fundamental para quaisquer situações da vida, inclusive a Educação.
O diálogo é uma relação de comunicação estabelecida entre dois. A própria etimologia da palavra define a importância de se ter dois com voz ativa: “ dial= dois”, para haver comunicação. Se só um tem voz ativa, teremos um monólogo. Então, é pela célula da comunicação, a palavra, que buscaremos sempre uma solução imediata para os problemas que permeiam a sala de aula. É atribuir para dois (aluno/professor) as soluções desses problemas. Mas, não falo da palavra vertical que vem de cima para baixo, do professor sabichão e do aluno sem luz. O que está em jogo, o que deve ser “moda” é o discurso paralelo, aquele capaz de construir, pensar e transformar o eu e o nós. Falo do discurso entre sujeitos que são protagonistas da educação.
Além do giz, do pincel atômico, do datashow, do livro, é preciso ter sempre como ferramenta principal o diálogo transformador e não aquele a que estamos acostumados: que reproduz a imagem de uma sociedade cada vez mais desigual, preconceituosa, excludente. Assim como o médico que tem técnicas para salvar vidas através de procedimentos cirúrgicos, o professor possui, entre outras coisas, uma grande ferramenta -a palavra- para promover, ou destruir a vida de um aluno. O que é que nós queremos? Destruir ou promover? Tenho certeza que a segunda opção é a que temos como pendão. E para que nós possamos cumprir nosso papel -de educar- é preciso desenvolver uma práxis fundamentada nas vozes, que dê ao ato de aprendizagem uma significância real, a partir de uma realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo aluno, num processo de compreensão, reflexão e crítica. E é priorizando o diálogo que sempre atingiremos uma educação para liberdade de pensamento, de promoção, de crítica, de autoconhecimento tanto para o aluno, como para nós professores, eternos aprendentes dos saberes da vida.
Andressa Fabião