segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Para uma universidade greco-paraibana


No século V a.C, na Paraíba antiga, nas mediações do Parque Solon de Lucena com o Rio Sanhauá, havia uma universidade, a Paraídea, que tinha como maior objetivo formar políticos paraibanos. Era uma instituição cujo interesse era despertá-los para uma educação que desenvolvesse integralmente o indivíduo em todas as suas virtudes, pois quanto mais ocupada a mente e cansaço físico, menos tempo tinham para transgredir - a corrupção é tão antiga quanto a Pangea.
A grade curricular da Paraídea estava voltada para uma educação conscientizante, ou seja, uma educação onde os políticos pagavam disciplinas que envolviam um conhecimento profundo sobre a gestão pública e suas dimensões.
As cadeiras pagas por eles eram chamadas: Ética I II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X (ministrada por um professor, conhecido como “Edson Bildung”), pois para as intenções do Projeto Político Pedagógico da universidade, era necessário que eles conhecessem a dinâmica da alteridade. Nessas disciplinas havia rigidez nas avaliações: os alunos que não obtivessem aproveitamento máximo em cada exame escrito estava fora, não poderia ocupar o cargo, pois política, para aquela nação, tinha sinônimo de seriedade, compromisso e muito estudo. Outra disciplina que aprendiam era Retórica Popular I, II,III e IV, ministrada pelo professor Zé Sócrates, considerado um “monstro” da educação popular. Eles aprendiam a argumentar em favor dos direitos e deveres do povo. O sistema de avaliação era o mesmo: prova escrita, prática e depois a defesa de uma tese.
Além disso, tinha Música, uma cadeira que fazia parte do currículo, pois era necessário que os políticos tivessem sensibilidade aguçada, ouvido absoluto, para entender o ser humano e seu meio. Eram obrigados a dominar um instrumento, pois a arte demonstrava o lado poético, subjetivo, do estudante, sendo um pré-requisito fundamental.
Aprendiam sobre cidadania, sobre as leis que regem o estado, epistemologia da política, filosofia geral e da política, compreendiam o que era o poder, entre outros fundamentos. Nessa universidade, havia um seminário temático que tinha o objetivo de fazer uma transdisciplinaridade e cabia aos professores preparar esse evento para avaliar o que os discentes haviam aprendido e construído nas disciplinas; o povo fazia parte desses debates.
Havia uma disciplina muito curiosa e ao mesmo tempo relevante: crime e castigo I, II,III, ministrada por um professor muito rígido conhecido como “O Espartano; nela, os alunos passavam por uma simulação de penalidade, onde eram submetidos a terem que ficar numa cela, com pouca água, comida. Nesse momento, eles tinham desde já, noção de pena, caso fosse descoberto, em sua gestão, alguma ilegalidade.
A Paraíba, no século IV a.C., vivenciou um momento de apogeu no âmbito político. Os cidadãos eram compreendidos, envolvidos com a política, pois ali, em época de eleições, ir a um debate político em praça pública, era considerado entretenimento. Os políticos tinham procedência, tinham habilidades e inteligências desenvolvidas, sabiam fazer projetos e discursos sem ajuda de assessores, tinham uma boa retórica, criatividade para mostrar suas ações vindouras.
Era uma dificuldade para os paraibanos antigos escolherem um candidato, pois todos eram bons e tinham propriedade no assunto e credibilidade legítima. Nessa época, não se ouvia falar em palavrões como: nepotismo, ficha limpa, manchada ou suja. E também, não havia obrigatoriedade para votar, uma vez conscientes, sabiam que suas participações eram importantes enquanto cidadãos, afinal aquilo que existia na Paraíba antiga era uma Real Democracia e não um sistema fantasiado de ditadura.
Como todo império é passível de queda, o sistema universitário perdurou apenas por alguns anos, porque à medida que passavam os governos, cada um reformulava o currículo da universidade, já que ele era aberto, passível de mudanças. Isso enfraqueceu à antiga universidade, e com o passar de longos anos, não era mais exigido o curso superior de Gestão Pública para entrar no poder. Foi quando o conceito de política começou a ser modificado para um mais maleável, que atendesse não só aos interesses dos políticos, mas de todos que fossem de um mesmo grupo.

Hoje, na Paraíba moderna, “revolucionada” muitos não fizeram nem supletivo para compreender a política, poucos tem formação superior em Gestão Pública. É lamentável a realidade que nos encontramos agora, pois a cada horário político que passa tenho a convicção de que somos plateia de um circo cheio de palhaços sem graça. Não há prazer nenhum em ouvir o que eles têm a dizer, porque não me dizem nada, nem se quer convencem.
Dizem num dito popular que “nós estamos entregues às baratas”, eu digo que estamos entregues aos políticos.

Andressa Fabião

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