sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Política paraibana: caleidoscópio “sem lógica”.

Nunca me atrevi a escrever sobre política, porque tenho minhas concepções bem denotativas acerca do assunto. Vejo que o conceito de política assumiu um outro significado, quando observo as intenções e os ideais dos políticos. Nenhuma teoria se aplica à prática, logo não há ações que transformem o atual paradigma político.


Ao ler uma matéria de um jornal, fiquei abismada com a suruba de informações que li sobre o atual cenário da política paraibana. Fiquei inquieta demais, o que me levou a refletir e escrever sobre um assunto tão pertinente, embora mal compreendido pelas pessoas que se dizem do meio.

Não é difícil para mim e para muitos, como manda o clichê do clichê, desenhar a essência de um político brasileiro: desonesto, malandro, ladrão, assistencialista, em suma, corrupto. Pouquíssimos são aqueles que não possuem essas características.

Agora, nunca ouvi falar, tão explicitamente, que a tal da corrupção fosse tão esclarecida a ponto de se estender para as relações interpessoais entre grupos de uma mesma ideologia - é como a essência de um escorpião: se for o caso meu veneno serve para mim e para ti, tanto faz. Hoje, não se usa mais inteligência para fazer política, pode-se ter até a mãe como adversária política!Vejo, a partir de uma análise bem modesta, que os malabarismos são feitos de maneira súbita e escabrosa para tentar conquistar o poder e a autoafirmação às custas da inocência alheia. Parodiando Fernando Pessoa, “ Tudo vale à pena quando a grana não é pequena”. Isso vem revelando a incapacidade de reflexão dos manipuladores e manipulados. Jamais essas atitudes vão conferir governabilidade para ninguém, e nem garantirá a satisfação que povo quer ter. Dentadura? Tijolos? Cimentos? Isso é coisa do século XIX. A moda agora é conferir bem estar até quando o mandato terminar, seja numa vaga em um gabinete, ou um plano de saúde.

Foram vários episódios do atual cenário político que “amadureci” e percebi que a política daqui acontece quando o arco-íris desemboca no seu quintal, prometendo achar as tão sonhadas minas de ouro, que pertencem ao povo.

A política paraibana está tão fragilizada, assemelhando-se a um “caleidoscópio sem lógica”, girado por qualquer um e para qualquer lado, proporcionando sempre uma situação de interesses desequilibrados. A sensação é a de que há um caos: em quem eu posso votar? Quem é quem? Quem fez o quê? Quem vai ser inelegível? Quem é elegível? Até certo ponto, é compreensível a desordem, quando há vontade de organizar algo. Porém, sabemos que tudo isso não deixa de ser uma questão de politiquismo, de afronta, de ganância e de egoísmo, entre concepções, nada está voltado para o sentido verdadeiro de evolução. Acho uma pena porque meu voto ainda permanece em branco!

A concepção de ética, de alteridade, e a ideia de organizar o estado para o povo, já foram esquecidas há muito tempo! Agora é a vez do partido “dos poderes de greiscon”, do “eu”, do “quem pode mais” bem a cara dos absolutistas. Virou um meio de vida! E o pior é que tem uns que pensam que ainda estão na época das capitanias hereditárias que passavam o governo de pai para filho, ou de tio para sobrinho...

Como um aluno que apresenta dúvidas no meio da aula, tenho um questionamento: A política seria uma espécie de produto num leilão? “ quem der o lance mais alto leva o aliado, seja ele de oposição ou situação, tenha ele ideologia ou não”. (Aprendi com vovó um conceito de lealdade muito diferente e não abro mão de substituí-lo por outro!). Interessante é a união e a consistência nas relações políticas, isso sim chama atenção.

A Paraíba perde por conquistar a superficialidade, pois esqueceram o que seria uma verdadeira política, como afirmava o nosso velho Rui Barbosa:

“ A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia; cria, eleva o merecimento. Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem … Política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais...”

Apesar de saber pouco sobre o assunto, uma coisa é nítida: A política da Paraíba foi construída num terreno instável, poluído e baldio, no qual todo político que passou pela máquina, despejou seu lixo; hoje vejo um lixão do Roger, quando se trata de política.

No mais, espero que tudo isso seja apenas um pesadelo e que no outro dia eu possa acordar certa de que as próximas gerações não farão tanta vergonha ao pensarem em compor uma simples equipe para nos representar; que eles possam ter em mãos a máquina da integridade, do repeito ao outro, da honestidade e o verdadeiro compromisso com o povo. E torço para que o cenário se organize, porque eu ,no dia das eleições, quero digitar algum número que substitua o meu atual voto em branco.



Andressa Fabião

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